quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

ESCOLA ANTIGA, ESCOLA ATUAL E ESCOLA IDEAL


ESCOLA ANTIGA, ESCOLA ATUAL E ESCOLA IDEAL
Eliana da Conceição Martins Vinha[1]
Ao questionar sobre os tipos de escola, remete-me uma experiência vivenciada: iniciei meu processo de aprendizagem na escola antiga. Uma escola onde os alunos não precisavm passar por uma pré-escola. O 1º ano era básico para aprender as letras e os números, o 2º ano iniciava a leitura utilizando a estória dos Três Porquinhos, em matemática utilizava-se palitos para ensinar a somar e a diminuir. Os alunos que sobressaíam na leitura eram direcionados à biblioteca de modo a não atrapalhar àqueles que apresentavam dificuldades.
Em relação à disciplina os alunos chegavam à escola iam direto para o pátio entravam em fila diante da professora que já se encontrava no local e cantavam o hino nacional em posição de respeito ao país. Para ir ao banheiro havia um disciplinador que acompanhava os alunos e verificava como havia sido usado o ambiente, em seguida levava o aluno até a sala de aula ou até a diretora, dependendo do bom ou mau uso das dependências escolares.
Os pais iam à escola sem serem convidados para saber do comportamento dos seus filhos e se necessário administravam o corretivo sem dó nem piedade! A intenção era de que os seus filhos respeitassem o professor, pois ele era visto como símbolo da sabedoria e do poder. Não me lembro de ter sido punida alguma vez porque eu sabia que somente ali eu realizaria meu sonho: ser professora!
Ainda bem que não vivi a época da palmatória e a decoreba estava com os dias contados, apesar de ter vivenciado esta péssima prática, até hoje me causa arrepios de horror. Tenho péssima lembrança das situações de obrigatoriedade em decorar ...  Nesta época havia a reprovação, a escola atual não pode nem pensar em reprovar o aluno. O professor podia bater no aluno e ainda ganhava outra coça dos pais, se o professor levantar a voz para o aluno na escola atual, inicia um processo administrativo e outro judicial, trava-se aí uma guerra principalmente de nervos.
Na época da escola antiga a convivência familiar também era diferente, o respeito entre pais e filhos interferia de modo positivo no desempenho dos alunos. O aluno trabalhava e ia para escola, apesar de muitos casos a escola estar em segundo plano, havia a percepção de que era importante ir à escola. Atualmente os pais desejam que os seus filhos estudem para que consiga adquirir sucesso profissional, isto está em primeiro plano.
A escola da atualidade ficou mais permissiva, creio que há todo um histórico envolvendo as constantes mudanças nas legislações (para adequar a realidade?) e o contexto cultural e social, movimentos permeados pela era moderna, natural, porém questionadora: onde foi parar os valores, a moral e a ética?
Penso com dificuldade qual a melhor escola, a antiga ou a atual. Vivi a escola antiga como aluna em fase de crescimento, desenvolvimento e aprendizagem formal direto da escola, única e exclusiva. A escola atual com todas as suas nuances de informação e tecnologia tem seus encantos, mas também suas feiúras. Por exemplo, há alunos que preferem conversar com os colegas pelas redes sociais do que pessoalmente; outros considerados tímidos, introspectivos, usam a rede para mostrar o quanto é valente e a usa para fazer o mal. Para o professor antenado, a escola atual é de grande valia, como é bom usar os meios tecnológicos para inovar nas aulas! Por outro lado há professores que sofrem por não adaptar-se com esse meio tão veloz onde os alunos sabem mais. Isso é bom, pois aprendemos mais do que ensinamos, em muitas situações.
Antigamente as técnicas de ensino era o quadro negro, o giz e um professor para todas as disciplinas, isto quando não colocavam várias séries em uma mesma classe, o professor tinha que se virar! Os materiais eram elaborados pelo professor. Atualmente utiliza-se data-show, e outros recursos eletrônicos e tecnológicos, como a lousa interativa, que é a vedete da vez.
O mundo prossegue sem sabermos qual o rumo que a educação vai ou onde está, se ainda permanece com um pé lá no passado e outro na era atual tentando aprender com a era da tecnologia e da informação que, por sinal, em ritmo bastante acelerado.
Para Libâneo (2001) a escola ideal seria aquela que garanta a todos a formação cultural e científica para a vida pessoal, profissional e cidadã. Esta escola possibilitaria uma relação mais autônoma, crítica e construtiva, seja com o meio cultural, social ou tecnológico.
A escola ideal está entrelaçada com a atual e requer um professor mais crítico, criativo, reflexivo que participe das propostas do projeto político pedagógico e que seja um empreendedor. Segundo Gadotti (2003, p.17) “ser professor hoje é viver intensamente seu tempo com consciência e sensibilidade”, ou seja, um professor que tenha habilidade e seja comprometido com seu papel de cidadão e profissional.
Por fim a escola, não pode ficar às margens deste contexto de mudanças, o que ela deve fazer é compreender estas transformações, para saber trabalhar as suas habilidades e competências para em seguida percebê-las nos seus alunos.

REFERÊNCIAS
GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho: ensinar-e-aprender com sentido. Novo Hamburgo: Feevale, 2003. .
LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora?: novas exigências educacionais e profissão docente. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.




[1] Aluna do Programa Especial de Formação Pedagógica para Docentes – FINOM. Trabalho avaliativo solicitado pela profª Ynara Bernardes na disciplina A Educação e suas Inovações. Paracatu, 2012.

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