ESCOLA ANTIGA, ESCOLA ATUAL E ESCOLA IDEAL
Eliana da Conceição
Martins Vinha[1]
Ao questionar sobre os tipos de escola, remete-me uma experiência
vivenciada: iniciei meu processo de aprendizagem na escola antiga. Uma escola
onde os alunos não precisavm passar por uma pré-escola. O 1º ano era básico
para aprender as letras e os números, o 2º ano iniciava a leitura utilizando a
estória dos Três Porquinhos, em matemática utilizava-se palitos para ensinar a
somar e a diminuir. Os alunos que sobressaíam na leitura eram direcionados à
biblioteca de modo a não atrapalhar àqueles que apresentavam dificuldades.
Em relação à disciplina os alunos chegavam à escola iam
direto para o pátio entravam em fila diante da professora que já se encontrava
no local e cantavam o hino nacional em posição de respeito ao país. Para ir ao
banheiro havia um disciplinador que acompanhava os alunos e verificava como
havia sido usado o ambiente, em seguida levava o aluno até a sala de aula ou
até a diretora, dependendo do bom ou mau uso das dependências escolares.
Os pais iam à escola sem serem convidados para saber do
comportamento dos seus filhos e se necessário administravam o corretivo sem dó
nem piedade! A intenção era de que os seus filhos respeitassem o professor,
pois ele era visto como símbolo da sabedoria e do poder. Não me lembro de ter
sido punida alguma vez porque eu sabia que somente ali eu realizaria meu sonho:
ser professora!
Ainda bem que não vivi a época da palmatória e a decoreba
estava com os dias contados, apesar de ter vivenciado esta péssima prática, até
hoje me causa arrepios de horror. Tenho péssima lembrança das situações de
obrigatoriedade em decorar ... Nesta
época havia a reprovação, a escola atual não pode nem pensar em reprovar o
aluno. O professor podia bater no aluno e ainda ganhava outra coça dos pais, se
o professor levantar a voz para o aluno na escola atual, inicia um processo
administrativo e outro judicial, trava-se aí uma guerra principalmente de
nervos.
Na
época da escola antiga a convivência familiar também era diferente, o respeito
entre pais e filhos interferia de modo positivo no desempenho dos alunos. O
aluno trabalhava e ia para escola, apesar de muitos casos a escola estar em
segundo plano, havia a percepção de que era importante ir à escola. Atualmente os
pais desejam que os seus filhos estudem para que consiga adquirir sucesso profissional,
isto está em primeiro plano.
A escola da atualidade ficou mais permissiva, creio que há
todo um histórico envolvendo as constantes mudanças nas legislações (para
adequar a realidade?) e o contexto cultural e social, movimentos permeados pela
era moderna, natural, porém questionadora: onde foi parar os valores, a moral e
a ética?
Penso com dificuldade qual a melhor escola, a antiga ou a
atual. Vivi a escola antiga como aluna em fase de crescimento, desenvolvimento
e aprendizagem formal direto da escola, única e exclusiva. A escola atual com
todas as suas nuances de informação e tecnologia tem seus encantos, mas também
suas feiúras. Por exemplo, há alunos que preferem conversar com os colegas
pelas redes sociais do que pessoalmente; outros considerados tímidos,
introspectivos, usam a rede para mostrar o quanto é valente e a usa para fazer
o mal. Para o professor antenado, a escola atual é de grande valia, como é bom
usar os meios tecnológicos para inovar nas aulas! Por outro lado há professores
que sofrem por não adaptar-se com esse meio tão veloz onde os alunos sabem
mais. Isso é bom, pois aprendemos mais do que ensinamos, em muitas situações.
Antigamente as técnicas de ensino era o quadro negro, o giz e
um professor para todas as disciplinas, isto quando não colocavam várias séries
em uma mesma classe, o professor tinha que se virar! Os materiais eram
elaborados pelo professor. Atualmente utiliza-se data-show, e outros recursos
eletrônicos e tecnológicos, como a lousa interativa, que é a vedete da vez.
O mundo prossegue
sem sabermos qual o rumo que a educação vai ou onde está, se ainda permanece com
um pé lá no passado e outro na era atual tentando aprender com a era da
tecnologia e da informação que, por sinal, em ritmo bastante acelerado.
Para
Libâneo (2001) a
escola ideal seria aquela que garanta a todos a formação cultural e científica
para a vida pessoal, profissional e cidadã. Esta escola possibilitaria uma
relação mais autônoma, crítica e construtiva, seja com o meio cultural, social
ou tecnológico.
A escola
ideal está entrelaçada com a atual e requer um professor mais crítico,
criativo, reflexivo que participe das propostas do projeto político pedagógico
e que seja um empreendedor. Segundo Gadotti (2003, p.17) “ser professor hoje é
viver intensamente seu tempo com consciência e sensibilidade”, ou seja, um professor que tenha
habilidade e seja comprometido com seu papel de cidadão e profissional.
Por fim a
escola, não pode ficar às margens deste contexto de mudanças, o que ela deve fazer
é compreender estas transformações, para saber trabalhar as suas habilidades e
competências para em seguida percebê-las nos seus alunos.
REFERÊNCIAS
GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho:
ensinar-e-aprender com sentido. Novo Hamburgo: Feevale, 2003. .
LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora?:
novas exigências educacionais e profissão docente. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.
[1] Aluna do Programa Especial de
Formação Pedagógica para Docentes – FINOM. Trabalho avaliativo solicitado pela
profª Ynara Bernardes na disciplina A Educação e suas Inovações. Paracatu, 2012.
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