quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Hidrolipodistrofia ginóide – HLDG: desagradável aos olhos e à saúde






Atualmente o que mais se vê nas mídias são propagandas do corpo perfeito. Nos anúncios dos mais variados produtos, são utilizados belas modelos e atrizes, mexendo com a imaginação de homens e mulheres. Enquanto os homens deliram com as curvas das beldades, as mulheres, em sua maioria, ficam procurando as imperfeições, normalmente dizendo “deve estar cheia de celulite, estria e gordura localizada, só não vemos porque está toda ‘fotoshopada’”.  

Até parece que o recurso do fotoshop é a salvação, embora esta técnica também tenha exposto determinadas beldades ao escárnio do público, como se ter as famigeradas celulites fosse apenas dos seres humanos fora do circuito artístico.

Recentemente, lendo uma reportagem “A celulite é um problema estético que incomoda muito e acaba com a auto-estima de qualquer mulher”, nota-se a gravidade desse processo celulítico, pois além de ser desagradável aos olhos, do ponto de vista estético, ocasiona problemas de ordem psicossocial, devido a cobrança dos padrões estéticos dos dias atuais. Tal situação pode, ainda, acarretar problemas álgicos nos locais acometidos e diminuição das atividades funcionais (Meyer, 2005).

Neste sentido vale compreender o que é a celulite, que na verdade não tem nada de “ite”, uma vez que não se encontra infiltrado inflamatório em análise histopatológico. Guirro e Guirro (2006) dizem que o processo celulítico é uma infiltração edematosa do tecido conjuntivo subcutâneo, sem origem inflamatória, seguida de polimerização da substância fundamental que, infiltrando-se nas tramas, produz uma reação fibrótica consecutiva


O termo que melhor define esse processo de marcas na pele é o Fibro Edema Gelóide (FEG) que vem sendo substituído por Hidrolipodistrofia ginóide (HLDG).


DeVilla (2009) define o FEG como sendo um conjunto de transtornos que ocorrem no tecido conectivo cutâneo e subcutâneo, de origem multifatorial manifestando-se na pele. Em estado mais avançado é comumente conhecida como "casca de laranja".

Meyer et al (2005, p. 75) descreve que  o FEG “é uma afecção multifatorial e para que seu tratamento obtenha resultados positivos é necessária uma avaliação detalhada envolvendo toda propedêutica da anamnese e do exame físico”.
HLDG pode ser assim, melhor entendido, como um desequilíbrio no metabolismo lipídico e fluxo hídrico feminino, promovendo o fibrosamento do tecido. Em decorrência dessas alterações, ocorre uma compressão contínua dos elementos do tecido conjuntivo, entre eles, terminações nervosas. Com este quadro histopatológico, compreende-se, facilmente, a aparência nodulosa na epiderme e a presença de dor à palpação desproporcional à pressão exercida ou mesmo sem motivo externo.

As principais causas da HLDG pode ser a idade, história familiar, tabagismo, excesso de peso, sedentarismo, dieta rica em sal, gorduras e carboidratos, pouca ingestão de líquidos, estresse e fatores hormonais.

Na verdade ainda não se resolveu os mistérios do efeito “buraquinhos na pele”, porém sabe-se que há inúmeros produtos e tratamento no mercado que amenizam a situação.

Neste sentido a fisioterapia dermato funcional utiliza de cremes anti-celulites aliados à eletroterapia, a drenagem linfática manual ou compressiva (auxilia no processo de eliminação das impurezas acumuladas no interstício, objetivando. retirar o excesso de líquidos e/ou toxinas, promovendo a melhora da oxigenação  e a nutrição dos tecidos),  a vacuoterapia (com a sucção que o aparelho promove, ocorre uma mobilização profunda dos tecidos, melhorando a circulação sanguínea e linfática), o US (3 MHz) (acelera o sistema linfático), a corrente russa ( atua sobre a musculatura profunda e superficial, diminuindo a flacidez), endermologia (os movimentos do aparelho estimulam a circulação e promovem a drenagem linfática), radiofrequência (estimula a produção de colágeno), ultrassom com lipolíticos (realiza modificações nas ligações intercelulares e aumenta a permeabilidade da membrana celular), gesso liporredutor  (é uma mistura de substâncias que endurecem quando aplicadas sobre a pele, promovendo aquecimento, vasodilatação e melhor penetração de princípios ativos como a cafeína) entre outros.

É importante lembrar que nenhum tratamento é milagroso. É necessário reeducar a forma de alimentar-se e associar à atividades físicas. Até que não se encontra um tratamento definitivo, invasivo ou não, cabe cada mulher cuidar-se de modo a preservar,  sua saúde física, emocional e social.

Por outro lado se pensarmos que a OMS – Organização Mundial de Saúde diz que o indivíduo só é saudável quando possui um equilíbrio biopsicossocial, então o HLDG já pode ser considerado um problema de saúde pública?

REFERÊNCIAS
DEVILLA. Mariana Henrique. Fibro edema Gilóide: como se forma. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/fibro-edema-geloide-como-se-forma/15884/#ixzz2AF4GLjgP. Acesso em 22/10/2011

GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcional. 3ª ed. São Paulo: Editora Manole, 2002.

MEYER, Patrícia Froes. Desenvolvimento e aplicação de um protocolo de avaliação fisioterapêutica em pacientes com Fibro edema gelóide. Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.18, n.1, p. 75-83, jan./mar., 2005.

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